As eleições de 2010 deixarão, sem dúvida, questões político-sociais a serem debatidas. Porém, terá um fechar de cortinas melancólico, na perspectiva da maturação política.
Como a eleição de 2006 – em que os candidatos não possuíam projeto de país, governo, gestão –, a eleição atual deixará um sabor amargo para quem ainda acredita em um país desenvolvido, pelo menos, na questão de discussões públicas.
Desta vez, vários projetos foram apresentados por três candidatos. E isso é triste.
Nossa lei eleitoral centra o poder político aos partidos. Nós escolhemos e votamos em um candidato, mas o voto é computado para partidos e coligações. Nossa estrutura eleitoral valorizaria o poder partidário. Porém, as eleições vivem de um marketing partidário. O que se vê na propaganda eleitoral é uma imensa campanha publicitária, na qual o PT dá show, diga-se de passagem.
Nos últimos anos vemos marketeiros e publicitários competindo, não projetos de gestão pública. Vemos eleições sendo definidas por uma publicidade bem feita. A tendência tem sido se afunilar sempre em candidatos de maior tempo de tevê e rádio.
Dilma dificilmente não vencerá em primeiro turno. Possui mais dinheiro para a campanha, mais que todos seus adversários somados. Possui mais tempo de tevê e rádio. Possui o trunfo de Lula. A vitória de Dilma em si não é ruim para o Brasil ou para a democracia brasileira. A forma como essa vitória se dará é a tragédia.
Vencendo, Dilma será eleita em uma campanha em que não houve uma real discussão de projeto de país. Nenhum candidato aponta perspectivas de construção social, apenas projetos imediatistas, soluções insalubres para problemas que efetivamente continuarão independente de quem for eleito.
E isso não parte dos candidatos. Isso nasce nos partidos.
Os partidos não passam de um amontoado de palavras e cores. Não possuem ideologia, não possuem fundamentos, não possuem um projeto para o país. Os partidos não propõem alternativas, não criam discussões nem mostram efetiva ação social. Os partidos flutuam, longe da vida e cotidiano do grosso da população.
Esse esvaziamento social é o que nos condiciona a essa eleição de publicidade e propaganda, onde debates e entrevistas nada mais servem para trazer para se discutir formas de se fazer a mesma coisa, o que já é feito.
Por isso é tão simples o eleitor bipolarizar a eleição entre os dois ícones da repetição. Dos quatro candidatos, três possuem origem no PT. É difícil para o eleitor enxergar uma alternativa, são todos do mesmo lugar, propondo apenas cores diferentes para a mesma tela.
E isso nos leva a um pleito que não trará nada de bom para a democracia. O país não teve nem mesmo no plano eleitoral a discussão de um país melhor, somente conversas vazias de como se fazer política.